Blocos de Sorte | Seu Próximo Jogo #07
nesta edição: uma pequena aventura onde você faz sua sorte e um clássico revisitado (e ainda mais legal)
Bom dia pra você do outro lado da tela! Essa é a sétima edição da sua curadoria semanal de jogos de jogos únicos, marcantes e com personalidade ― quem sabe você não encontra aqui Seu Próximo Jogo? Meu nome é Gabriel Toschi e eu queria ter tido tempo pra fazer uma edição especial da Copa do Mundo, mas tô ocupado demais tentando ganhar pontos no bolão, foi mal. Quem sabe até o fim da copa…
Além da Copa, hoje também é tradicionalmente a Black Friday, então tem desconto rolando em muitas lojas de jogos. Tem Promoção de Primavera no Steam, Black Friday na Epic Games Store, Black Friday no GOG, Black Friday no Xbox… Só aproveitar os jogos no precinho e preparar a biblioteca pro fim de ano.
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na edição de hoje: plataforma e quebrador de blocos, clássicos como você nunca viu em jogos levemente obscuros que eu acho que você vai gostar
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Sally’s Law
o que acontece quando tudo parece dar certo?
por Gabriel Toschi (site / twitter)
Muitos jogos prometem ser a nova obra-prima, o novo Jogo do Ano, a imperdível experiência que todos deviam ter. Poucos conseguem. Muitos entregam menos do que prometeram e acabam ficando com esse gosto amargo de ter muito pouco para a expectativa que se criou. Eu, particularmente, sou apaixonado pelos jogos que prometem pouco, mas fazem isso com um capricho e uma sinceridade que me marcam. Sally’s Law foi um jogo que descobri sem querer e cai exatamente nessa última categoria.
Nesse mundinho feito de bolinhas que rolam, Sally está começando uma pequena viagem familiar. Incrivelmente, tudo dá muito certo para Sally. É como se todos os problemas da vida dele fossem resolvidos na sua frente. Nenhum perigo a alcança, nenhum obstáculo em seu caminho. Logo percebemos que, na verdade, é o espírito do pai de Sally protegendo-a de tudo que poderia machucá-la durante seu trajeto. No caso, logo percebemos que somos nós, como jogadores, os responsáveis a fazer toda essa história acontecer em um inteligente jogo de plataforma.
Em cada fase, você joga primeiro com a Sally, passando pelo caminho e vendo todos os obstáculos e portas se abrirem na sua frente como um passo de mágica… Pra logo demais passar pela mesma fase, agora como o pai dela, tendo que acompanhar as suas próprias ações passadas e fazer com que tudo ocorra bem. Parece simples demais só explicando, mas basta algumas fases pra ver como isso não só é uma ideia bem legal, mas como o time por trás do jogo utiliza cada vez mais essa relação ao seu favor, com novas formas de vê-la.
Provavelmente Sally’s Law não vai ser um jogo que vai te marcar pra sempre ou estar na lista dos mais amados do público, mas é definitivamente uma experiência que vale a pena ter. Mesmo hoje em dia, é raro ver uma experiência construída de forma tão sincera, que usa uma mecânica diferente e interessante para contar uma bonita história sobre família, saudade e futuro. O que acontece quando tudo parece dar certo? Talvez sejamos nós mesmos (e quem está perto de nós) que são os responsáveis.
Sally’s Law
por Nanali Studios
Drawkanoid
a mesma bolinha quebrando blocos (só que não)
por Gabriel Toschi (site / twitter)
Ideias muito antigas sempre são copiadas à exaustão até se tornarem um tipo de coisa por si só e, por fim, ganharem seu próprio nome como uma divisão das criações da humanidade. No universo dos jogos, não poderia ser diferente. Se um dia os jogos de tiro em primeira pessoa eram chamados de “clones de Doom”, não é a toa pensar que, logo em breve, teremos um nome melhor para metroidvanias e roguelikes.
Mas alguns jogos não ganharam a graça do brilhantismo de desenvolvedores pelo mundo ao ponto de reinventar sua fórmula: quantas vezes você já viu o mesmo jogo de rebater a bolinha pra quebrar blocos, por exemplo?
Felizmente, Drawkanoid talvez seja o primeiro passo para o futuro sucesso do gênero de “Breakout-likes”. Inspirado mecanicamente no jogo de 1976 (conhecido por ter sido criado por Steve Wozniak, co-fundador da Apple) e tematicamente por Arkanoid, da década seguinte, o conceito, a primeira vista, parece o mesmo: limpar a tela quebrando blocos com uma plataforma na parte inferior da tela.
A mudança é na velocidade. Quando a bola está na parte de baixo da tela, ela anda em câmera lenta, pronta para que você desenhe uma linha que vai servir como plataforma para rebater a bolinha. Mas, quando ela chega na parte superior da tela, ela acelera na velocidade da luz, quebrando blocos sem que você mesmo perceba o que esteja acontecendo. Esse ciclo de ação insana e planejamento com calma foi o que me prendeu logo nas primeiras partidas. Ao invés de passar mais tempo salvando a bola, agora eu podia desenhar as plataformas certas para ganhar cada vez mais pontos.
Cada partida do jogo termina em alguns minutos, dando pontos que te permitem comprar muitos upgrades e alcançar níveis mais difíceis e rápidos ― outro tipo de dinâmica que eu adoro. Logo que você vê, sua bolinha vai ainda mais rápido, quebrando cada vez mais blocos e fazendo mais loucuras brilhantes na tela. A ideia de um “block breaker” existe há quase 50 anos e eu ainda fico fascinado em ver jogos como Drawkanoid conseguindo criar experiências tão diferentes e empolgantes com uma mecânica tão familiar.
Drawkanoid
por QCF Design