Vocês Jogaram em 2022 | Seu Próximo Jogo #12
nesta edição: vocês que assumem o posto e falam quais foram os jogos que mais te divertiram durante o ano que está acabando
Bom dia pra você do outro lado da tela! Essa é a décima segunda edição da sua curadoria semanal de jogos de jogos únicos, marcantes e com personalidade ― quem sabe você não encontra aqui Seu Próximo Jogo? Meu nome é Gabriel Toschi e eu não poderia estar mais grato a todos vocês por estar escrevendo a última edição de 2022 deste pequeno e singelo projeto.
Só eu sei o quanto eu procrastinei começar um lugar para poder recomendar jogos que eu gostava — mas fico muito feliz que encontrei nessa newsletter uma forma de tornar esse sentimento realidade. Eu não esperava conseguir ter 12 edições, mais de 100 pessoas recebendo semanalmente elas em suas caixas de e-mail e vários textos para esse especial de fim de ano. Obrigado mesmo, de coração 💜, e que o Seu Próximo Jogo cresça ainda mais em 2023!
Queria aproveitar aqui para agradecer todos que leem, compartilham e usam esse espaço para conhecer novos jogos. Um agradecimento ainda mais especial por todos que tiraram um tempinho da última semana para escrever sobre os jogos que vocês mais gostaram. Que 2023 seja um ano mais calmo, de muita saúde e muito joguinho pra todos vocês!
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na edição de hoje: eu tirei uma folga e vocês assumiram. esses são os jogos que alguns leitores do SPJ jogaram em 2022 e o porquê você também devia jogá-los também — talvez o limite de caracteres do e-mail foi estourado mas o importante é a celebração, ok
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Nos últimos anos, tenho tido dificuldade de conseguir começar jogos com muito texto devido a uma enorme preguiça de seguir uma história longa. Ao mesmo tempo, eles sempre me chamam a atenção e ficam ali no fundinho da minha mente esperando eu ter coragem de jogar algum deles. Esse ano eu tive!
Depois de ver mais pessoas que o normal indicando devido a estar no Game Pass, joguei AI: The Somnium Files e não me arrependi em nenhum momento. É um jogo de investigação em que você é um detetive sinceramente meio insuportável, mas que ainda assim tem personalidade o suficiente pra manter o jogador intrigado e entretido. A personalidade dos coadjuvantes (investigadores, vítimas, suspeitos) também é um chamariz.
E apesar dessas qualidades, o mais interessante ainda é outra coisa: o jogo é uma narrativa não-linear, com diversas "linhas do tempo" diferentes, em que coisas radicalmente diferentes acontecem com os personagens e você precisa ver todas as possibilidades para poder chegar ao fim da sua investigação e resolver todas as pontas soltas (pontas essas que ficam SOLTÍSSIMAS até você entender o todo).
Eu fiquei preso àquela história até o fim dela, e foi uma experiência bem satisfatória! A coisa do "mucho texto" acabou não afetando tanto pela ótima dublagem em inglês, inclusive. Indico muito pra quem curte histórias de investigação bem-humoradas e ainda assim intrigantes (funciona melhor se você já tiver uma predisposiçãozinha a gostar de anime, pois nem tudo é perfeito).
— JP Martins, sobre AI: The Somnium Files (Steam | Xbox | PS | Switch)
Celeste é uma sessão de terapia em forma de jogo. Com uma jornada sensível da protagonista e uma jogabilidade tão polida que você se vê refletido na tela enquanto joga, o jogo te prende no desafio de escalar a montanha que dá nome ao jogo até você se sentir fisicamente cansado. Tudo isso frequentemente encontrado por menos de 10 reais nas plataformas por aí.
— Bruno Andreghetti Dantas, sobre Celeste (Steam | Epic | Xbox | PS | Switch)
Chicory é sobretudo um jogo sobre sua narrativa, sobre seus personagens, sobre como você não tem de fazer algo só porque alguém diz e sobre como não existe apenas uma forma de fazer algo, assim como não existe apenas uma forma de jogar Chicory. Na superfície, pode parecer um jogo de colorir, ou talvez um jogo de puzzle, e ambos estariam corretos; entretanto, nada é obrigatório, eu pessoalmente mal colori e o jogo me ofereceu opções para tal. Chicory é, antes de tudo, acessível, então se você gosta de puzzles ou gosta de colorir (ou nenhum deles e só quer uma historia incrível, com personagens marcantes e trilha sonora das melhores da compositora de Celeste), Chicory é para você.
— Junior Coppi, sobre Chicory: A Colorful Tale (Steam | PlayStation)
As pessoas não deveriam jogar Elden Ring. Porque quando você joga um jogo da From Software pela primeira vez, você fica confuso, aí morre, aí começa a pegar o ritmo, aí você percebe que não entendeu foi nada e começa a passar raiva. Alguns percebem que não vale a pena continuar, e tudo bem, mas para os que voltam, persistem e aprendem que esses jogos têm seu próprio ritmo, ah, essas pessoas passam literalmente por um processo de disciplina para jogá-los e são recompensadas com vários segredos e realizações. Por isso, não jogue Elden Ring, senão, no final, você estará lá: caçando troféus para platinar e pesquisando qual outro jogo da From Software você vai jogar (ou rejogar, no meu caso).
— Caio H. Amaro, sobre Elden Ring (Steam | Xbox | PlayStation)
Por que é um jogo calmante.
— Thiago Cares, sobre Elden Ring (Steam | Xbox | PlayStation)
Imagine que você acabou de acordar de uma soneca na poltrona de um ônibus interestadual, mais entediado que cansado ou sonolento. Você então nota os passageiros nas poltronas próximas conversando e sem perceber entra na conversa, mesmo que como ouvinte apenas, partilhando de suas histórias sobre sonhos, amantes e tristezas e sobre mortes e mascaras.
É mais ou menos assim que começa If On A Winter's Night, Four Travelers, só que ao invés de um ônibus cheirando a pum velho e filtrado pelo ar condicionado a conversa se passa num luxuoso trem, palco de um baile de máscaras. Nele quatro passageiros se encontram e contam suas histórias de como chegaram ali.
Esse é um jogo point-and-click narrativo de horror bem curto e gratuito. Aqui cabe o aviso de gatilho: o jogo contém referências a elementos como racismo, homofobia, doenças mentais, assassinato e suicídio.— Bruno Nogueira, sobre If On A Winter's Night, Four Travelers (Steam | itch)
McPixel 3 é um jogo de aventura point-and-click onde você controla McPixel, um projeto de herói que precisa salvar o mundo (quase sempre de explosões) das formas mais ridículas e engraçadas possíveis. Em uma fase você pode estar dentro de um PC com um Windows 95 com a missão de não deixar a Tela Azul da Morte tomar o controle; em outra, você estará em uma paródia de sitcoms famosas onde você precisa ser despejado para criar mais trilhas de risadas ao fundo. É um jogo incomum, mas que vale a pena ser jogado!
— Kauã Francisco Moreira, sobre McPixel 3 (Steam | Epic | Xbox | Switch)
O jogo consegue te transportar para uma época através de uma pesquisa muito bem feita e um cuidado acima do comum. A arte e a tipografia do jogo conversam muito bem com os temas principais e com o cenário que pretende representar. E, além de tudo isso, ainda possui um texto inteligente, personagens intrigantes e valoriza o poder da fofoca.
— Raphael "Ph" Carmo, sobre Pentiment (Steam | Xbox)
Scarlet Hollow é uma criação de Abby Howard, quadrinista que eu conheci quando ela participou e foi um dos grandes destaques do Reality Show Strip Search da Penny Arcade. Se lá e no premiado Last Halloween ela já demonstrava proeza pra escrever histórias engraçadas e de terror, aqui isso fica mais do que cristalizado.
O jogo abre com uma tela te dizendo que você "não conseguirá salvar todo mundo, talvez não consiga salvar nem você mesmo" e ao continuar na história percebemos que as consequências e escolhas realmente tem peso. Diferente de muitos jogos que oferecerem a ilusão de caminhos diferentes, muitos caminhos são possíveis dependendo de quais atributos você escolher pro seu personagem, que escolhas você fizer até em momentos que achar que a escolha não importa tanto assim.
Jogar Scarlet Hollow é ficar imerso na pequena cidade, tornada viva pela sua trilha sonora que te traz o sentimento de ver Twin Peaks pela primeira vez. Coisas estranhas estão acontecendo e você só estava ali pra um funeral, mas são longos os dias até ele. De 7 capítulos planejados, 4 já saíram e, eu particularmente, mal posso esperar pra cada um dos próximos.
O primeiro The Evil Within é um jogo bem medíocre, tanto no combate, quanto na história e, por isso, muita gente não deve ter dado uma chance para a franquia. Mas eis que The Evil Within 2 existe e, talvez, seja o melhor jogo de terror já feito: áreas abertas para explorar que sempre te recompensam, um design incrível de criaturas, um combate aprimorado, uma história engajante e com peso emocional para o protagonista… Não posso deixar de indicá-lo, é fantástico!
— Rilker Roberto Uchoa, sobre The Evil Within 2 (Steam | Xbox | PlayStation)
Unpacking é um jogo sobre mudanças. O seu objetivo é desempacotar tudo (como diz o nome do jogo) e arrumar o quarto colocando os itens onde quiser. E é nessa estrutura simples que Unpacking se mantém até o fim.
São nessas mudanças que a narrativa do jogo se constrói. Você descobre quem é a personagem pelos objetos que ela possui, pelas coisas que mantém, pelas coisas que deixa para trás e pelos novos itens adquiridos. Você vê a história de uma vida ser contada pelo o que cabe em caixas de papelão. E é muito impressionante como isso é feito de maneira simples e elegante, sem diálogos, sem nem ver o rosto da protagonista, só com os objetos e com a maneira que você ocupa os espaços. E é aí que o jogo brilha, porque eu acho que precisa ser muito bom, pra conseguir dizer bastante com tão pouco.
Foi uma experiência que me marcou demais e me emocionou porque, além da história contada ali, me fez refletir sobre diversos aspectos da minha vida e da vida em geral. Me fez pensar sobre o que levamos conosco, no que penduramos na parede e usamos para enfeitar estantes, no que guardamos da infância, nossos hobbies que podem virar profissões, ser nosso bote salva vidas ou só uma distração, interesses que surgem, somem e que perduram, no que escolhemos expor e no que escolhemos esconder num armário.
Que objetos às vezes são só objetos, mas também podem refletir nossa personalidade, transmitir quem somos, e serem cheios de significados e lembranças. E também me fez pensar no jeito que ocupamos e dividimos espaços, nos lugares que são designados a nós e naqueles que escolhemos. Em como às vezes acabamos nos encolhendo pra caber onde não deveríamos estar e como isso pode dizer muito sobre relações e afetos, que abrir um espaço na vida pra outra pessoa entrar pode ter muitos sentidos. Tudo isso representa coisas demais, representa a vida: crescer, prosperar, falhar, recomeçar, evoluir. Manter. Mudar.
— Mirella Braga, sobre Unpacking (Steam | GOG | Xbox | PS | Switch)
Feliz ano novo e até 2023 💜