Siga o Flow | Seu Próximo Jogo #16
nesta edição: desliga a cabeça e só aproveita a vibe desses jogos, seja pela loucura visual ou pelo ritmo da música
Bom dia pra você do outro lado da tela! Essa é a décima sexta edição da sua curadoria quinzenal de jogos de jogos únicos, marcantes e com personalidade ― quem sabe você não encontra aqui Seu Próximo Jogo? Meu nome é Gabriel Toschi e eu queria agradecer o apoio de vários leitores sobre a mudança de periodicidade do SPJ. Tá me dando até mais gás de escrever os textos agora e selecionar jogos realmente legais pra falar sobre. 💜
Por isso que eu vou tentar ter TRÊS jogos por edição, sempre que possível. Não vai ser exatamente uma regra, vai ter vezes que não vai ser possível, mas acho que mais opções de joguinhos é sempre uma boa. Dessa vez foi possível e eu adoro profundamente todos os jogos de hoje, então espero que você também goste de algum!
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na edição de hoje: as vezes você só precisa seguir o flow. o flow pode ser ver um monte de bicho destruindo loucamente. o flow pode ser sonhos bonitos lo-fi ou um desenho animado colorido de porradinha. só vem
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Vampire Survivors
“só mais uma partidinha” nunca funciona aqui
por Gabriel Toschi (site / twitter)
Olhando o cenário da indústria de videogames nos dias atuais, é difícil até mesmo entender como Vampire Survivors existe e, ainda mais, como ganhou toda a fama que ele tem. Olhando de fora, até eu mesmo olhava pra ele e achava meio feio, meio sem sentido; enquanto todo mundo que jogava se divertia e achava o máximo. Chegou uma hora que eu tive que experimentar pra ver o que esse jogo tinha de tão especial.
Deixa eu te contar: ele realmente tem alguma coisa de especial, por mais que eu não saiba definir bem o que.
A premissa é bem mais simples do que parece: escolha um personagem, um estágio e tente sobreviver o máximo que conseguir. Você já começa com uma arma, que atira sozinha, mas vai conseguindo novas armas, melhorias e itens que te ajudam na batalha ao subir de nível. Você também consegue dinheiro para comprar upgrades permanentes entre partidas. E aí você anda por aí, vendo tudo explodir na sua frente conforme você vai ficando cada vez mais forte.
Mas tudo isso é só a ponta do iceberg. É claro que é muito legal só fazer isso, seguir o flow de ver tudo estourando na sua frente, os números de dano aumentando, monstros cada vez maiores sendo derrotados. É o perfeito jogo de podcast como ele é, ótimo para desligar a cabeça e seguir o flow do relaxamento de um bom bullet hell, mas é realmente só o começo.
Vampire Survivors vai pra lugares muito rápido. Logo você começa a entender a lore dos estágios e desbloquear segredos. Liberar novas fases, novos modos de jogo. Começa a achar os itens secretos, dando ainda mais possibilidades de como construir suas partidas. Aprende que todas as armas podem evoluir para versões ainda mais poderosas e destruidoras se você tiver os itens certos no momento certo. Quando você vê, você já está na oitava partida seguida, tentando liberar só mais um segredo que você queria tanto.
Não dá pra julgar um livro pela capa, muito menos um jogo só por meia dúzia de GIFs virais no Twitter. Vampire Survivors é um jogo tão acessível quanto você quer aproveitá-lo. Quer só relaxar um pouco vendo um monte de coisinhas explodirem na sua frente, enquanto você pega umas armas maneiras? Tudo bem. Mas se você quer se ver lendo wikis e tentando montar as builds perfeitas para conseguir as melhores evoluções e achar todos os segredos… bom, boas-vindas ao time!
Vampire Survivors
por poncleSteam (Windows/Mac)
Xbox Store / Game Pass
Android (Google Play)
iPhone/iPad
Melatonin
a música mostra o caminho neste mundo dos sonhos
por Gabriel Toschi (site / twitter)
Com jogos independentes trazendo continuações espirituais para tantos títulos famosos de outrora, já estava na hora de começarem a fazer os próprios games inspirados em Rhythm Heaven. Essa singular série da Nintendo é focada em pequenos minigames musicais, cujo objetivo é aprender os ritmos, as viradas e simplesmente seguir o flow. Melatonin é o primeiro de uma leva que devem vir nos próximos anos, reinventando a fórmula e trazendo novas formas de aproveitar ótimas músicas enquanto apertamos botões no controle.
Sem muita história em si por trás, cada conjunto de fases em Melatonin é inspirada em uma noite de sonhos do protagonista. Cada tema vira um minigame próprio, com sua música e sua forma de jogar. As primeiras fases são sobre coisas mais mundanas e com controles mais simples, como comer pizza e donuts de caixas voadoras ou passar o cartão de crédito para comprar umas roupas novas. Conforme os dias passam, seus sonhos vão ficando mais profundos, enfrentando assuntos como a ansiedade (na forma de um vulcão) e até o seu próprio passado, queimando fotografias que não fazem mais sentido serem lembradas. Ao final de cada dia, todos os sonhos se misturam para uma única música final, no melhor estilo dos remixes de Rhythm Heaven.
Mesmo o jogo se passando todo nos braços de Morfeu, a estética, tanto visual quanto musical, pode ser considerada um grande “lofi hip hop rhythm game - beats to relax/press buttons to”. Todas as fases são repletas de roxo e tons pastéis, dando um ar meio etéreo a tudo que você vê no jogo. As músicas também tem poucos instrumentos, mas com batidas bem relaxantes e gostosas de acompanhar. Por mais que eu sinta falta da loucura visual e temática dos clássicos da Nintendo, Melatonin tem um charme inconfundível. (e tem outros vindo aí pra trazer a loucura de volta)
Eu amo jogos rítmicos e é muito bom ver novas experiências nesse ramo, principalmente vinda de fora das grandes empresas tradicionais. Melatonin não é exatamente o que eu esperava quando me falaram de um “Rhythm Heaven-like com temática de sonhos”, mas é um joguinho muito legal e bem feito. Para os que não são familiarizados com o estilo de jogo, tem várias opções de acessibilidade para serem ativadas. Para os que já são experts, modos mais difíceis também estão disponíveis. O importante é não deixar de sonhar!
Melatonin
por Half Asleep
Hi-Fi RUSH
solte o som (e a porrada) com muito, muito estilo
por Gabriel Toschi (site / twitter)
Faz uns anos que os gamers estão preocupados com umas coisas que eu não entendo exatamente a pira: gráficos ultrarrealistas, taxa de quadros por segundo, número de jogadores simultâneos… No meu coração, eu sinto falta da busca incessante por estilo. Que você começa a jogar e fala assim “putz, que jogo estiloso, né” e fica animadão pra ver onde vai dar. Mas, felizmente, 2023 tem tudo pra ser o “ano dos jogos estilosos”, porque começamos muito, muito bem com Hi-Fi RUSH, lançado do nada e conquistando o coração de muitos (e o meu também).
A história do jogo acompanha Chai, um adolescente levemente imaturo e muito corajoso que sonha em ser um rockstar. Ele decide visitar uma grande corporação, que está na busca de voluntários para seus experimentos com braços robóticos. Só que ninguém esperava que o seu tocador de música fosse incorporado ao seu novo braço robótico, dando poderes incríveis a ele, fazendo com que tanto seus ataques, quanto o mundo a sua volta reagissem e se potencializassem no ritmo da música. Agora que ele é visto como um defeito, Chai se torna a arma secreta de uma resistência rebelde que está tentando impedir os planos maléficos da empresa antes que seja tarde demais.
Você pode olhar pra essa história e pensar como parece um desenho animado que passava nos almoços de 2005 — e ai você olha pro resto do jogo e ele é realmente um cartoon jogável. As mecânicas do jogo são um misto dos clássicos combos e ataques rápidos dos jogos de “character action” (como seus primos Devil May Cry e Bayonetta) e de um jogo de ritmo, no qual todos os ataques e defesas ficam ainda mais fortes se você seguir o tempo da música que está tocando. Enquanto tudo isso está acontecendo, todo o visual do jogo é estonteantemente colorido, com uma animação fantástica e um design de personagem perfeito, além da óbvia trilha sonora incrível, inclusive com músicas licenciadas.
Até a localização do jogo pro português está incrível, com o jogo inteiro dublado, como deve ser um bom desenho animado. Eu acho que ninguém esperava que um jogo desses seria feito por uma empresa famosa por jogos de terror — e eu muito menos esperava que Hi-Fi RUSH conquistaria meu coração. Trazendo mecânicas e estéticas que eu adoro, até mesmo as coisas que eu não estou tão acostumado se tornam um grande prazer. E ainda é uma crítica ao capitalismo! Pelo amor de Deus, vai jogar isso agora e vem comigo nessa vibe!
Hi-Fi RUSH
por Tango Gameworks, Bethesda Softworks