Pixel Sobre Tela | Seu Próximo Jogo #19
nesta edição: a magia de pintar um pixel de cada vez para criar experiências diferentes porém nostálgicas
Bom dia pra você do outro lado da tela! Essa é a décima nona edição da sua curadoria quinzenal de jogos de jogos únicos, marcantes e com personalidade ― quem sabe você não encontra aqui Seu Próximo Jogo? Meu nome é Gabriel Toschi e você sabia que além de escrever sobre jogos, eu também faço jogos? Não que eles sejam tão bons quanto os que eu escrevo sobre, mas eu tento. Falando nisso, nos últimos dias, eu tentei de novo!
Apresento a você o meu novo joguinho de tabuleiro gratuito para imprimir e jogar: Tabletop Arcade: Roll & Snake. Ele é inspirado no famoso jogo da cobrinha e você vai precisar passar por 6 fases coletando frutas no tabuleiro. O grande desafio é que o caminho que você faz em uma fase cria obstáculos para a próxima fase! Você pode jogar com amigos pra ver quem faz mais pontos ou jogar sozinho e bater seu próprio recorde.
Você pode imprimir e usar 3 dados de 6 lados pra jogar ou abrir a foto no seu celular, tablet ou qualquer programa de edição de imagem no PC. As regras estão todas em português e o jogo é de graça pra baixar, só entrar na página do jogo no itch.io. Se você jogar, não esquece de me falar o que achou! 💜
Inspirado nessa estética pixel art do meu joguinho, eu trouxe mais dois jogos com uma pixel art muito mais bonita ― e que também são alguns dos meus favoritos da vida toda!
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na edição de hoje: eu fiz uma auto propaganda e escolhi três jogos cujos nomes começam com a letra T
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TowerFall Ascension
não tem nada melhor que chamar os amigos pra atirar flechas
por Gabriel Toschi (site / twitter)
O advento da internet banda larga não só popularizou jogarmos juntos por meio da rede mundial de computadores, mas também foi uma facada na grande instituição gamer do “multiplayer no sofá todo mundo junto pronto pra xingar quando perde”. Ao mesmo tempo, os jogos feitos pra jogar com outras pessoas começaram a ficar mais complexos.
É cada vez mais difícil só chamar alguém e falar “ei, joga isso comigo!”. Até Mario Kart agora tem que ensinar que existem 3 boosts de velocidade quando dá drift! Felizmente, TowerFall (e sua versão definitiva Ascension) carrega a alma da simples diversão em dar o controle pra alguém e se divertir.
A proposta do jogo é bem simples: você escolhe um personagem, um tipo de arena e precisa atirar flechas e pular na cabeça dos seus oponentes. As flechas são bem limitadas, então todo tiro tem que ser bem pensado — até porque as flechas continuam no mapa e podem ser coletadas de volta, tanto por você, quanto pelos outros jogadores. Os controles são muito simples, ao ponto de alguém que nunca jogou antes ganhar várias rodadas de pessoas que já conhecem o jogo há semanas (é sério, eu vi acontecer, e foi comigo ainda, fiquei puto)
TowerFall ainda permite uma grande gama de personalizações. Tem vários objetivos pra cada partida (como ganhar pontos por oponentes derrubados ou por ser o último a sobreviver), além de habilidades que mudam o jogo (corpos que explodem, por exemplo) e flechas especiais, como umas flechas de furadeira que atravessam as paredes que são a sensação de um bom final de rodada. Se você não for a pessoa mais competitiva do mundo, ainda tem um modo cooperativo bem desafiador para enfrentar monstros junto com os outros arqueiros.
É engraçado porque TowerFall é provavelmente um dos jogos que eu nunca vou recusar uma partida. É tão fácil, é tão rápido, é tão divertido jogar com qualquer pessoa que seja. Nunca parece realmente injusto ou algum jogador é tão bom que desbalanceia o jogo. Acho que encontraram o equilíbrio perfeito entre desafio e diversão e colocaram num jogo de arena com arqueiros para que todo mundo pudesse aproveitar. Desculpe, Mario Kart, mas acho que TowerFall te deu uma flechada e ganhou o posto do melhor multiplayer local da década.
TowerFall Ascension
por Extremely OK Games
There Is No Game: Wrong Dimension
o melhor não-jogo que joguei na minha vida
por Gabriel Toschi (site / twitter)
Era o meio da década de 2000 e o pequeno Gabriel passava mais tempo do que ele deveria em sites de jogo online. Provavelmente durante uma olhadinha no Newgrounds, ele conheceu um curioso jogo chamado “There Is No Game”. Mesmo sem entender bem o inglês, parecia ter algo especial ali. Anos depois, eu encontrei ele de novo e joguei, agora entendendo o que estava acontecendo. Era um pequeno “curta” interativo cheio de metalinguagem, que sabia muito bem sobre o que era um jogo para quebrar suas expectativas.
There Is No Game: Wrong Dimension é a perfeita evolução disso, com mais metalinguagem, mais expectativas quebradas e mais situações que, quanto mais você conhece videogame, mais você se surpreende.
Definindo o jogo de uma forma mais simples, ele é basicamente um jogo de apontar e clicar, onde você usa itens e objetos no cenário para resolver puzzles e prosseguir na história. Logo que você começar o jogo, uma estranha voz começará a falar com você, dizendo que não tem jogo nenhum ali e você devia ir embora. É só desobedecer a voz e logo você vai conhecer as maluquices que te esperam. Eu não vou falar tanto sobre o que acontece depois, porque faz parte da experiência ficar confuso (ou maravilhado) a cada novo acontecimento.
É claro que o jogo não é perfeito. Seu humor ainda parece um pouco com o dos anos 2000, com certas piadinhas que não são de mal gosto, mas que definitivamente não são de um gosto refinado (ou, pelo menos, alinhada com a internet de hoje). Alguns puzzles também são levemente obtusos — como já era de se esperar de um game do gênero — mas o sistema de dicas funciona bem quase sempre e não é realmente um problema.
O que importa é o quanto There Is No Game: Wrong Dimension reconhece a paixão pelos jogos que tanto os desenvolvedores, quanto os jogadores tem. Ele é um jogo muito legal pra qualquer pessoa, não me entenda mal, mas ver os clichês do meu hobby favorito sendo torcidos de formas tão inteligentes e inesperadas — enquanto um ótimo jogo, com ótimos puzzles e ótimas resoluções acontecia ao mesmo tempo — é uma experiência que me marcou bastante. Tem que conhecer as regras muito bem pra quebrá-las de uma forma tão bem feita e Wrong Dimension é um jogo que faz isso. Um não-jogo, no caso.
There Is No Game: Wrong Dimension
por Draw Me A PixelSteam (Windows/Mac)
Nintendo Switch
Google Play Pass (Android)
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